terça-feira, 31 de maio de 2011

Vidas secas


A história de Vidas secas é uma grande preferida aqui em casa. Todo mundo leu, todo mundo gostou, todo mundo chorou quando a Baleia morreu. Por indicação ainda do Grande Otelo, naquela entrevista do Roda Viva que eu vi antes de a TV Cultura tirar os arquivos do programa do ar (que mancada!), coloquei o filme na lista.

Fazer filmagem de obra literária é sempre uma dificuldade. Os grandes fãs do livro podem ficar grilados com a fieldade ao texto, que geralmente falta, e, quando se escolhe um grande clássico modernista, há outras dificuldades que se enfrentar. Mas eu acho que o Nélson Pereira dos Santos lidou bem com a coisa. Me pareceu, na verdade, que ele não estava tentando resolver o problema, mas mesmo aproveitar dele e reproduzir a dificuldade modernista. Uma das maneiras com que ele fez isso foi usando o mesmo recurso do Graciliano: pouca conversa e muita imagem.

Eu vi no filme todas as coisas de que me lembrava no livro. O talento de Sinhá Vitória para as contas, a cama de couro que ela queria, a árvore grande na frente da casa. Até mesmo o orgulho que um dos meninos sentia do pai vaqueiro, em silêncio, eu vi.

E quando a Baleia morreu, no livro eu chorei um pouquinho. No filme, eu soluçava, soluçava, e o Nélson vai lá e me bota a bichinha moribunda olhando os preás, que era a coisa que ela mais gostava, lembram?, caçar preás. Quase morri. Só de lembrar me embaça os olhos. Primeira coisa que eu fiz, o filme acabado, foi ir lá no quintal encher de carinho a minha própria cachorrinha.

Minha opinião geral é que Vidas Secas é um dos grandes filmes do cinema brasileiro. Mas, justamente, eu estava falando desse filme pra um amigo e, bem antes de eu dizer essa frase aí, eu me corta: "Eu não gostei muito, não." Duas opiniões, uma controvérsia. Essa foi fácil.
Baixa o filme aí e depois me avisa da sua opinião.

Vidas secas (1963)
Drama, 103 min.
Direção: Nélson Pereira dos Santos
Roteiro: Nélson Pereira dos Santos
Atores: Átila Iório, Genivaldo Lima, Gilvan Lima, Orlando Macedo, Maria Ribeiro, Jofre Soares


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domingo, 15 de maio de 2011

Terra em transe



Senhoras e senhores, meu primeiro Glauber. Agora sim posso ostentar com propriedade a foto do bocudo aí em cima no título do blog.

Eu francamente não estava entendendo muita coisa do filme. Mal-e-mal o suficiente para acompanhar o enredo. Pensei então que depois do segundo ou terceiro Glauber eu pegava o jeito da coisa e ia entendo, mas depois pensei também que a arte não deve ser um estudo. Um filme deve ser suficiente pra falar por ele, não deve ser parte de uma obra pra fazer sentido, como o capítulo 16 depende do capítulo 15 no meu Curso de Direito Civil.
Abri meu coraçãozinho e encarei o filme.

Terra em transe é a história de um sujeito politicamente desajustado. Ele surge sob as asas de um figurão, pede pra se libertar dele, acaba no lado do outro figurão, esse uma pegada mais PT, se decepciona, larga tudo pra beber, é requisitado pra voltar, desmonta e fode a coisa toda pra todo mundo. Ai o primeiro figurão é eleito presidente, e o camarada desajustado é traído, assassinado, vencido.

Ele não é moral, ele não é heroico, ele não gosta de figurão, nem de burguês, nem de povo. Ele está tão perdido quanto eu ou você, mas a diferença é que ele está envolvido, na coisa toda, até o pescoço.

O país metafórico do filme (será que usei a figura de linguagem certa?) chama-se Eldorado, que é mencionado em outros filmes do Glauber (ouvi falar), e me lembrou um pouco Cartas chilenas, do Tomás Antônio Gonzaga. Ele escreve sobre os abusos de um governador no Chile que lembra muito, estranhamente, o governador de Minas Gerais na época da derrama, às vesperas da Revolução Mineira, que deu merda e acabou virando a Inconfidência Mineira. E é assim, com metáforas, simbolismos e meio artístico elitizado (trabalhado e trabalhoso), que se escapada da censura. Entenderam?

Eu consegui entender, com esse primeiro filme, por que é que o Glauber se auto-afirmava, aos gritos, tanto como um grande gênio do cinema brasileiro. E entendi também por que é que tão pouca gente concordava. O camarada não é fácil. Mas a pipoca apimentada me manteve desperta.

Ademais, agora quebrei o encanto. Posso ver os outros filmes do Glauber sem receio, e acredito que até mesmo um Tarkóvski. Quem sabe, com treino, consigo até ficar acordada um filme inteiro do David Lynch!

Terra em transe (1967)
Drama, 107 min.
Direção: Glauber Rocha
Roteiro: Glauber Rocha
Atores: Jardel Filho, Paulo Autran, José Lewgoy, Glauce Rocha, Paulo Gracindo, Hugo Carvana, Danuza Leão, Jofre Soares, Modesto de Sousa, Mário Lago, Flávio Migliaccio, Telma Reston, José Marinho, Francisco Milani, Paulo César Pereio, Emanuel Cavalcanti, Zózimo Bulbul, Antonio Câmera, Echio Reis, Maurício do Valle, Rafael de Carvalho, Ivan de Souza


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segunda-feira, 9 de maio de 2011

Saiu! Saiu!


Luz nas trevas - a volta do Bandido da Luz Vermelha, a sequência do filme de 1967 de Rogério Sganzerla, dirigido por sua mulher, Helena Ignês - roteiro do próprio Sganzerla e Ney Matogrosso no papel do Luz - finalmente saiu. Estreou dia 29 de abril no festival de Porto Alegre, CineEsquemaNovo, e logo, logo vai estar nas prateleiras da sua locadora preferida.

Com a rasgação que se anda fazendo com filme brasileiro, nem precisa ser locadora muito boa não. Estou até vendo, o primeiro desavisado, acostumado com produções Globo Filmes, tirar o Luz nas trevas da prateleira e tomar um sustão quando chegar em casa. Pelo menos é isso que eu espero, e não espero menos do roteiro do Sganzerla e da direção da antiga Ângela Carne e Osso.



Já mandei avisar lá na minha locadora, é pra comprar, e quando chegar, é pra me avisar!
Depois conto pra vcs no que deu...

Curioso? Tire uma casquinha no blog do filme!

domingo, 8 de maio de 2011

E aquele tópicos avançados?

Voltei! A pedidos (tipo, um pedido, e da minha madrinha, mas... a pedidos!!!) voltei.

E também porque, convenhamos, Direito não é tão interessante assim. Ontem mesmo, estudei a tarde toda e, quando fui tirar um cochilo, sonhei com Direito Civil. Nada divertido.

Quando o ano virou, pensei em adotar outro projeto e deixar o Cinema Brasileiro em 2010. A verdade, no entanto, é que nenhum outro projeto me interessou de verdade, e ficaram tantos filmes pra trás!

Eu estudo, Direito, e trabalho. Formada em Letras, sou mil e uma utilidades. Até poucas semanas atrás, eu estava professora, nervosamente professora. Como é bem público, o salário de professor é uma piada e o trampo passou a não valer mais a pena. Pedi as contas.

Agora tenho aqui todo esse tempo (o tempo que o Direito e as outras mil utilidades não tomam) e resolvi voltar a ver os filmes nacionais. É sempre uma ótima desculpa pra comer pipoca (que engorda horrores!).

Duas promessas: a primeira tem a ver com lição de casa, quase. Pasmem, eu ainda não vi nenhum filme do Glauber. Não sem dormir nos primeiros 20 minutos, pelo menos. Então fica, a primeira promessa, de recomeçar com um filme dele. Tenho uns cinco gravados, ainda não sei qual vou escolher.

A segunda promessa tem uma caráter mais prático. Vou começar a postar, junto com o comentário dos filmes, links para outras pessoas poderem fazer download (quando encontráveis, ok?). Por questões legais, cabe afirmar que eu não estou guardando ou distribuindo nenhum conteúdo protegido por direitos autorais, estou meramente fornenecendo links para outras páginas. ;-)

Bom, então até depois do Glauber! Tenham uma boa segunda!

Adicionado mais tarde --> Olha só, já andei incluindo os links de alguns filmes que já foram discutidos em posts anteriores. Se não tem o link bem do filme que você quer ver, ou não encontrei o arquivo na internet, ou ainda não incluí. De qualquer maneira, deixe uma mensagem. Se o link estiver quebrado ou se você encontrar qualquer outro problema, por favor, deixe uma mensagem também!