domingo, 11 de abril de 2010

Amor de leproso: Joaquim Pedro aos pedaços Couro de gato

(Ainda por cima, era um pão!)

Graças a uma contribuição providencial de uma amiga (beijos, Mari!!), que me tem fornecido filmes que estão difíceis de encontrar por aí, eu consegui a coleção de curtas do Joaquim Pedro de Andrade, que compreende:

O mestre de Apipucos (1959)
O poeta do castelo (1959)
Couro de gato (1960)
Cinema Novo (1967)
Brasília, contradições de uma cidade nova (1967)
A linguagem da persuasão (1970)
Vereda Tropical (1977)
O Aleijadinho (1978)

O que é muito conveniente, porque a pobre mim mesma não tem mais tempo de nada. Pois é, não tenho duas horas pra sentar no domingo e ver um filme, mas tenho 15 minutinhos pra ir seguindo a coleção de curtas. Joaquim Pedro aos pedaços.

Couro de Gato


"Quando o carnaval se aproxima, os tamborins não têm preço.
Na impossibilidade de melhor material, os tamborins são feitos com couro de gato."

Couro de gato é um curta de 13 minutos, de 1960. É sobre uns meninos da favela que caçam gatos pra fazer deles couro de tamborim, pra vender pro carnaval. Sem quase nenhuma fala, nem narração (exceto por essa frase aí em cima), Couro de gato é uma história muito bem narrada, o que desmerece ainda mais o Cacá Diegues, que em uma hora e meia de Ganga Zumba não conseguiu contar direito a história. Lembram que eu tinha dito que o Cacá não era nenhum Bertolucci? Bom, Joaquim Pedro manda tão bem na câmera dele que não é necessário compará-lo com Bertolucci. Ele é outra coisa, uma coisa só dele.

A história começa com uma cenas dos meninos caçando gatos pela cidade. Dá muito dó dos bichanos, quando a gente vê a cara de ganância com que os moleques olham pra eles, aqueles gatinhos fofos. Roubam o gato pidonho do resturante de bacana, roubam o gato da vózinha no parque, o da madame na mansão... aí eles saem correndo e a bacanada correndo atrás, polícia e tudo. Quando chega no morro, fica todo mundo lá embaixo, a madame mandando o polícia ir atrás dos garotos, mas o polícia fica só olhando pro morro: lá ele não manda nada.

A câmara mostra o olhar de desconsolo dos bacanas e depois os caminho vazios da favela, por onde os meninos tinham subido, e, finalmente, lá de cima, o moleque do gato da madame, com o bichano no colo. Ele senta pra fumar e comer e fica brincando com o gatinho, branquinho, peludo, lindinho, e aquela criança enamorada do bicho. Ele dá um dos biscoitos contadinhos dele (ele é pobre, não tem muita comida) pro gato, mas na hora que chega no último biscoito, ele tem que tomar a decisão.


Tem que ver a tristeza na cara do menino quando ele entrega o gato pro fazedor de tamborins!

Além de tudo, Couro de gato tem como música-tema o samba Quem quiser encontrar amor, do Geraldo Vandré. E todo mundo sabe que eu adoro filme com tema. E a música é linda!

Coisa linda, esse filme, o melhor até agora, mesmo com seus apenas 13 minutos. Vão ver! Tem uns pedacinhos no youtube, aqui.
A menos que você goste muito de gatinho, aí desrecomendo.


Couro de gato (1960)
Drama, 13 min.
Direção: Joaquim Pedro de Andrade
Roteiro: Joaquim Pedro de Andrade
Atores: Francisco de Assis, Riva Nimitz, Henrique César, Napoleão Muniz Freire, Cláudio Correia e Castro, Milton Gonçalves, Domingos de Oliveira, Paulinho, Sebastião, Aylton, Damião

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