Eu não conhecia o diretor (José Joffily), Roberto Bomtempo (Tonho) não me dizia nada e não vou com a cara da Débora Falabella (Paco). Fiquei curiosa para ver o filme pelos seguintes motivos. Em primeiro lugar, a gente raramente tem a chance de ver as peças antigas preferidas montadas, geralmente tem que se virar com o texto e a imaginação mesmo. O filme tem essa vantagem, ele pode não ter aquela energia da presença dos atores ou a vibração da platéia ou todas aqueles pequenos rituais que o teatro tem, mas ele está lá, feito por um diretor profissional (minha imaginação é boa mas não é profissional), convenientemente disponível pra quando você puder.
Outro motivo para ter escolhido Dois perdidos foi que, você já notou como um bom texto teatral é geralmente melhor que um bom roteiro de cinema? É porque com o cinema você tem todos aqueles recursos, trilha sonora, troca de cenários, zoom &c., com o teatro não. Você tem que se virar com o palco e a meia dúzia de atores. O texto tem que segurar tudo. Então, quando o dramaturgo consegue, ele consegue. E o Plínio Marcos manadava ver.
Eu vou amanhã mesmo na biblioteca pra ler o texto do Plínio. Quero ver como foi que ele resolveu os problemas que para o cineasta foram com certeza muito mais tranquilos de resolver. Por exemplo, para mostrar que a amizade de Paco e Tonho estava aumentando, ele colocou umas cenas deles dois passeando pelas ruas com uma musiquinha de fundo. Pronto. Ou então, a primeira metade da história se passa no verão, e a segunda no inverno. A história fica mudando entre esses dois momentos, verão e inverno, pra frente e pra trás. O cineasta tinha a vantagem de simplesmente trocar o figurino, agora, quando você tem dois atores no palco e só, você não pode ficar tirando eles de lá pra trocar de roupa, certo?
Como foi que o Plínio fez?
Dois perdidos no palco, no espetáculo de fevereiro em Belo Horizonte.
Por outro lado, os cortes de cena, que parecem ser uma vantagem à primeira vista, podem trazer problemas para o funcionamento da história. A narrativa perde a tensão. Quando o Tonho bate em Paco pela segunda vez e pela segunda vez ela grita "Não me chama de Rita", na tela ficou repetitivo. Só.
Tem um outro filme baseado em peça de teatro na lista, que é o Eles não usam black-tie, de um outro dos meus dramaturgos brasileiros preferidos, o Gianfrancesco Guarnieri. Na verdade era esse filme que a gente tinha combinado de ver hoje, mas minha cópia estava uma droga (talvez a Polícia Federal tenha razão, às vezes...). Minha locadora habitual tem esse filme. Quando eu passar lá de novo eu tiro pra contar pra vocês.
Dois perdidos numa noite suja (2003)
Drama, 100 min.
Direção: José Joffily
Roteiro: Paulo Haim, baseado na peça teatral de Plínio Marcos
Atores: Roberto Bomtempo, Déboa Falabella
Eu me lembro que meu primeiro Plínio Marcos foi tirado da Biblioteca Municipal de Sorocaba. Acredito que eles dever ter o Dois perdidos lá. E com sorte o texto do Guarnieri também. Depois eu conto pra vocês o que achei.
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