segunda-feira, 27 de maio de 2013

Filmes brasileiros completos no Youtube



Vejam só, faz quase dois anos to the day desde a última vez que eu postei no Cinema Brazuca. Desde então meu interesse por cinema brasileiro sofreu um certo declínio, por causa e culpa de uma pilha infindável de livros de Direito e uma certa atração pelas bizarrices de Cannes.

Mas tem um post de Facebook que fica ressurgindo de vez em quando no meu timeline que eu acho que vale a pena compartilhar aqui, especialmente desde que o FBI derrubou todos os meus links de download quando eles tiraram do ar o Megaupload naquela trágica semana de janeiro de 2012. Tem uma expressão pra isso em inglês (pra eles entenderem, right?) muito, muito boa: party pooper.

É o post que avisa do canal do Youtube que botou no ar 169 filmes brasileiros, completos. Eu abri lá a página do canal e é claro que os party poopers tupiniquins já foram lá e providenciaram a derrubada de vários dos filmes que estavam no canal. Mas ainda tem muita coisa bacana, especialmente as mais antiguinhas. Por exemplo, tem lá o Gláuber, Cabra marcado pra morrer e O assalto ao trem pagador (tão! bacana!). Tem uns filmes mais novos também, que eu recomendo que vocês corram pra ver, porque logo logo vai vir nego fazer poop na nossa party.


terça-feira, 31 de maio de 2011

Vidas secas


A história de Vidas secas é uma grande preferida aqui em casa. Todo mundo leu, todo mundo gostou, todo mundo chorou quando a Baleia morreu. Por indicação ainda do Grande Otelo, naquela entrevista do Roda Viva que eu vi antes de a TV Cultura tirar os arquivos do programa do ar (que mancada!), coloquei o filme na lista.

Fazer filmagem de obra literária é sempre uma dificuldade. Os grandes fãs do livro podem ficar grilados com a fieldade ao texto, que geralmente falta, e, quando se escolhe um grande clássico modernista, há outras dificuldades que se enfrentar. Mas eu acho que o Nélson Pereira dos Santos lidou bem com a coisa. Me pareceu, na verdade, que ele não estava tentando resolver o problema, mas mesmo aproveitar dele e reproduzir a dificuldade modernista. Uma das maneiras com que ele fez isso foi usando o mesmo recurso do Graciliano: pouca conversa e muita imagem.

Eu vi no filme todas as coisas de que me lembrava no livro. O talento de Sinhá Vitória para as contas, a cama de couro que ela queria, a árvore grande na frente da casa. Até mesmo o orgulho que um dos meninos sentia do pai vaqueiro, em silêncio, eu vi.

E quando a Baleia morreu, no livro eu chorei um pouquinho. No filme, eu soluçava, soluçava, e o Nélson vai lá e me bota a bichinha moribunda olhando os preás, que era a coisa que ela mais gostava, lembram?, caçar preás. Quase morri. Só de lembrar me embaça os olhos. Primeira coisa que eu fiz, o filme acabado, foi ir lá no quintal encher de carinho a minha própria cachorrinha.

Minha opinião geral é que Vidas Secas é um dos grandes filmes do cinema brasileiro. Mas, justamente, eu estava falando desse filme pra um amigo e, bem antes de eu dizer essa frase aí, eu me corta: "Eu não gostei muito, não." Duas opiniões, uma controvérsia. Essa foi fácil.
Baixa o filme aí e depois me avisa da sua opinião.

Vidas secas (1963)
Drama, 103 min.
Direção: Nélson Pereira dos Santos
Roteiro: Nélson Pereira dos Santos
Atores: Átila Iório, Genivaldo Lima, Gilvan Lima, Orlando Macedo, Maria Ribeiro, Jofre Soares


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domingo, 15 de maio de 2011

Terra em transe



Senhoras e senhores, meu primeiro Glauber. Agora sim posso ostentar com propriedade a foto do bocudo aí em cima no título do blog.

Eu francamente não estava entendendo muita coisa do filme. Mal-e-mal o suficiente para acompanhar o enredo. Pensei então que depois do segundo ou terceiro Glauber eu pegava o jeito da coisa e ia entendo, mas depois pensei também que a arte não deve ser um estudo. Um filme deve ser suficiente pra falar por ele, não deve ser parte de uma obra pra fazer sentido, como o capítulo 16 depende do capítulo 15 no meu Curso de Direito Civil.
Abri meu coraçãozinho e encarei o filme.

Terra em transe é a história de um sujeito politicamente desajustado. Ele surge sob as asas de um figurão, pede pra se libertar dele, acaba no lado do outro figurão, esse uma pegada mais PT, se decepciona, larga tudo pra beber, é requisitado pra voltar, desmonta e fode a coisa toda pra todo mundo. Ai o primeiro figurão é eleito presidente, e o camarada desajustado é traído, assassinado, vencido.

Ele não é moral, ele não é heroico, ele não gosta de figurão, nem de burguês, nem de povo. Ele está tão perdido quanto eu ou você, mas a diferença é que ele está envolvido, na coisa toda, até o pescoço.

O país metafórico do filme (será que usei a figura de linguagem certa?) chama-se Eldorado, que é mencionado em outros filmes do Glauber (ouvi falar), e me lembrou um pouco Cartas chilenas, do Tomás Antônio Gonzaga. Ele escreve sobre os abusos de um governador no Chile que lembra muito, estranhamente, o governador de Minas Gerais na época da derrama, às vesperas da Revolução Mineira, que deu merda e acabou virando a Inconfidência Mineira. E é assim, com metáforas, simbolismos e meio artístico elitizado (trabalhado e trabalhoso), que se escapada da censura. Entenderam?

Eu consegui entender, com esse primeiro filme, por que é que o Glauber se auto-afirmava, aos gritos, tanto como um grande gênio do cinema brasileiro. E entendi também por que é que tão pouca gente concordava. O camarada não é fácil. Mas a pipoca apimentada me manteve desperta.

Ademais, agora quebrei o encanto. Posso ver os outros filmes do Glauber sem receio, e acredito que até mesmo um Tarkóvski. Quem sabe, com treino, consigo até ficar acordada um filme inteiro do David Lynch!

Terra em transe (1967)
Drama, 107 min.
Direção: Glauber Rocha
Roteiro: Glauber Rocha
Atores: Jardel Filho, Paulo Autran, José Lewgoy, Glauce Rocha, Paulo Gracindo, Hugo Carvana, Danuza Leão, Jofre Soares, Modesto de Sousa, Mário Lago, Flávio Migliaccio, Telma Reston, José Marinho, Francisco Milani, Paulo César Pereio, Emanuel Cavalcanti, Zózimo Bulbul, Antonio Câmera, Echio Reis, Maurício do Valle, Rafael de Carvalho, Ivan de Souza


DOWNLOAD RMVB

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Saiu! Saiu!


Luz nas trevas - a volta do Bandido da Luz Vermelha, a sequência do filme de 1967 de Rogério Sganzerla, dirigido por sua mulher, Helena Ignês - roteiro do próprio Sganzerla e Ney Matogrosso no papel do Luz - finalmente saiu. Estreou dia 29 de abril no festival de Porto Alegre, CineEsquemaNovo, e logo, logo vai estar nas prateleiras da sua locadora preferida.

Com a rasgação que se anda fazendo com filme brasileiro, nem precisa ser locadora muito boa não. Estou até vendo, o primeiro desavisado, acostumado com produções Globo Filmes, tirar o Luz nas trevas da prateleira e tomar um sustão quando chegar em casa. Pelo menos é isso que eu espero, e não espero menos do roteiro do Sganzerla e da direção da antiga Ângela Carne e Osso.



Já mandei avisar lá na minha locadora, é pra comprar, e quando chegar, é pra me avisar!
Depois conto pra vcs no que deu...

Curioso? Tire uma casquinha no blog do filme!

domingo, 8 de maio de 2011

E aquele tópicos avançados?

Voltei! A pedidos (tipo, um pedido, e da minha madrinha, mas... a pedidos!!!) voltei.

E também porque, convenhamos, Direito não é tão interessante assim. Ontem mesmo, estudei a tarde toda e, quando fui tirar um cochilo, sonhei com Direito Civil. Nada divertido.

Quando o ano virou, pensei em adotar outro projeto e deixar o Cinema Brasileiro em 2010. A verdade, no entanto, é que nenhum outro projeto me interessou de verdade, e ficaram tantos filmes pra trás!

Eu estudo, Direito, e trabalho. Formada em Letras, sou mil e uma utilidades. Até poucas semanas atrás, eu estava professora, nervosamente professora. Como é bem público, o salário de professor é uma piada e o trampo passou a não valer mais a pena. Pedi as contas.

Agora tenho aqui todo esse tempo (o tempo que o Direito e as outras mil utilidades não tomam) e resolvi voltar a ver os filmes nacionais. É sempre uma ótima desculpa pra comer pipoca (que engorda horrores!).

Duas promessas: a primeira tem a ver com lição de casa, quase. Pasmem, eu ainda não vi nenhum filme do Glauber. Não sem dormir nos primeiros 20 minutos, pelo menos. Então fica, a primeira promessa, de recomeçar com um filme dele. Tenho uns cinco gravados, ainda não sei qual vou escolher.

A segunda promessa tem uma caráter mais prático. Vou começar a postar, junto com o comentário dos filmes, links para outras pessoas poderem fazer download (quando encontráveis, ok?). Por questões legais, cabe afirmar que eu não estou guardando ou distribuindo nenhum conteúdo protegido por direitos autorais, estou meramente fornenecendo links para outras páginas. ;-)

Bom, então até depois do Glauber! Tenham uma boa segunda!

Adicionado mais tarde --> Olha só, já andei incluindo os links de alguns filmes que já foram discutidos em posts anteriores. Se não tem o link bem do filme que você quer ver, ou não encontrei o arquivo na internet, ou ainda não incluí. De qualquer maneira, deixe uma mensagem. Se o link estiver quebrado ou se você encontrar qualquer outro problema, por favor, deixe uma mensagem também!

domingo, 17 de outubro de 2010

Lição de amor



A trasitividade do verbo está relacionada à suficiência do seu significado. Assim, se eu digo "corro", "morreu", "nasci", esses verbos já comunicam todo o significado que eu desejava expressar, e por isso não precisam de complementação (os mal afamados objetos diretos ou indiretos). Se, ao contrário, eu digo "gosto", isso não expressa nada. É preciso que eu diga do que eu gosto. Eu gosto de cinema brasileiro, eu não gosto do PSDB. A mesma coisa para dizer "eu amo". Quem? O que? Para se amar é necessário um complemento.

Menos para Fraulein, em Lição de amor, filme de Eduardo Escorel baseado no romance Amar, verbo intrasitivo de Mário de Andrade. Fraulein ama. Até com advérbios: profundamente, corretamente, brevemente. Mas como os complementos são irrelevantes, Carlos, Plínio, Eduardo, é mesmo como se não existissem.

O trabalho de Fraulein é ensinar os meninos e meninas das boas famílias paulistanas a falar alemão e tocar piano. E aos meninos, exclusivamente, a amar, de forma a mantê-los longe dos prostíbulos, protegidos da sífilis e da morfina, para que possam se casar bem e serem felizes. A tragédia é a impossibilidade da felicidade da própria Fraulein. Isso depende do fim da guerra, de ela ter dinheiro suficiente pra voltar pra Alemanha (mais um ou dois trabalhos...), de lá encontrar um marido etc.

Assisti Lição de amor por indicação de Grande Otelo, naquela entrevista para o Roda Viva de 1987 de que eu falei num post anterior. Acho que posso entender porque o Otelo gostou do filme. É um filme extremamente competente. Não tem rasgos de genialidade glauberiana (controversa), mas também não tem nada de medíocre (Globo Filmes), de pitoresco (Zé Mojica) ou de brasilianismo exótico (Anselmo Duarte). É simplesmente cinema, e bom cinema. O festival de Gramado concedeu três Kikitos, pra melhores diretor, atriz e trilha sonora. E, com história do Mário de Andrade, bom, que mais recomendação você quer pra ver esse filme?


Lição de amor (1975)
Drama, 80 min.
Direção: Eduardo Escorel
Roteiro: Eduardo Coutinho e Eduardo Escorel, baseado em livro de Mário de Andrade
Atores: Lílian Lemmertz, Rogério Fróes, Irene Ravache, Marcos Taquechel



Obs: o som está mais adiantado que o vídeo. Para consertar, li em outro site que dá pra fazer no Windows Media Player Classic, aumentando o ms para + 3500 (o que quer que isso signifique).


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Vereda tropical


Em 1977, quatro diretores brasileiros uniram-se para criar o filme Contos Eróticos, baseados em quatro histórias premiadas pela revista Status. Eduardo Escorel, Roberto Santos e Roberto Palmari fizeram amarradões os filmes deles, mas o Joaquim Pedro tinha que ser diferentão. Ele filmou cenas de sexo tão explícito, tão chocantes por seu desvio, que o filme foi censurado, e ninguém foi pra tela até dois anos depois.

Vereda tropical é o nome do curta que o Quinzinho fez pro filme. Ele conta da história de uma cara que curte... melancias. Contei essa história pra um amigo meu e ele perguntou "E aí?" Como assim, e aí? E aí ele compra outra, uai! Mas cada melancia é diferente da outra...

Como toda história de amor tem um ponto triste, a tristeza deste nosso amigo é a entressafra. Pobrezinho tem que comprar outra frutas, alternativas, no inverno, que as melancias tão fora do mercado.

Verdade é que Joaquim Pedro, até na hora de escrachar, mostra um senhor de um bom gosto. Chocante até. Fiquei mal, fiquei mal mesmo, meio passada, com aquelas cenas de sexo interreinos explícito. E tem aquela piada de internet, que eles põe um gráfico pizza com a frequência das vezes que seus pais entram na sala quando você está vendo um filme. Uma fatiazinha de nada, a porcentagem da cena normal. Uma fatia mais entre 5% e 10%, alguém sendo assassinado, e o resto todo, cena de sexo explícito. Pois o figura me fica uns 10 minutos enrolando com a melancia na mão e, bem na hora que ele vai mandar ver, mamãe entra na sala? Com que cara eu fico? Como eu me explico? "Sabe o que é, mãe, é que eu estou fazendo uma pesquisa pro meu blog..."?
Mas um chocante tão bacana! Coisa fina mesma. Altamente recomendo. Como tudo que leva o JP de Andrade assinado.

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